terça-feira, 12 de maio de 2015

A lenda da padeira de Aljubarrota


"A Padeira de Aljubarrota é uma das personagens mais curiosas ligadas à famosa Batalha de Aljubarrota (século XIV), onde, mais uma vez, os portugueses venceram os castelhanos.
Já ouviste falar nela, na Padeira de Aljubarrota?
Não se pode afirmar com certeza que esta pessoa tenha existido, nem sequer que a história que se conta acerca dela seja verdade, mas ela vai estar sempre ligada à Batalha!
Uma coisa é certa: existiu alguém, de nome Brites de Almeida, que foi padeira naquela terra. E parece que era tão corajosa como a da lenda.
Vamos contar-te o que se sabe dessa mulher.
Brites de Almeida nasceu em meados do século XIV em Santa Maria de Faaron (hoje conhecida como Faro) e os seus pais eram gente muito humilde.
Conta-se que quando era pequena já era alta, muito forte e musculada. E como era meio «Maria rapaz», gostava de resolver tudo com a ajuda dos punhos.
Parece que quando tinha 20 anos os pais morreram e ela usou o pouco dinheiro que eles lhe deixaram para aprender a usar uma espada (só os homens nobres é que o faziam!).
Então, para ganhar dinheiro, começou a usar os seus conhecimentos em feiras, onde fazia combates contra homens.
Ora esta história chamou a atenção de um soldado que a desafiou: se o soldado ganhasse, Brites casava com ele. Se perdesse, ela matava-o.
O que acabou por acontecer...
O problema é que matar (um soldado) é crime, mesmo nessa época. Por isso Brites fugiu. Roubou um bote com o objectivo de ir para Espanha, mas um grupo de piratas raptou-a e levou-a para Argel (na Argélia), onde a vendeu a um árabe rico.
(Acreditamos que nisto tudo há muita imaginação, que é o que acontece às histórias de aventuras contadas através dos tempos, mas... Continua a ler...)
No entanto, a «nossa Brites» não era pessoa para ficar presa. Passado um ano convence outros dois escravos portugueses a fugir para Portugal.
Disfarçou-se de homem e seguiu para Torres Vedras, onde comprou dois machos e se transformou em almocreve (quem aluga e conduz bestas de carga).
Mesmo assim, os sarilhos não a largaram e, depois de se envolver em várias lutas e provocar algumas mortes na zona de Lisboa, Brites apanhou um barco para Valada, de onde, já vestida de mulher, acabou por ir parar a Aljubarrota.
Para sobreviver, já cansada e sem maneira de ganhar dinheiro, começou a pedir esmola à porta de um forno, o que chamou a atenção da padeira, já idosa, que reparou que Brites era uma mulher forte e que a podia ajudar. Assim, começou a carreira de Brites como padeira.
Um dia, já depois da velha padeira ter morrido e já sendo Brites a dona do negócio, deu-se uma grande batalha em Aljubarrota (aquela que te falámos no início).
Como a maioria do povo português, ela também estava do lado de D. João, Mestre de Avis, e não queria os espanhóis a governar Portugal.
Conta a lenda que, depois de Nuno Álvares Pereira vencer os espanhóis nessa batalha, Brites chefiou um grupo de populares que perseguiram os espanhóis em fuga.
Nessa noite de 14 de Agosto de 1385, ao regressar, a padeira chegou a casa e encontrou sete espanhóis escondidos no forno onde costumava cozer o pão.
Sem hesitar, pegou na pá de levar o pão ao forno e bateu-lhes até os matar, um a um, à medida que saíam do forno.
Várias versões desta lenda aumentam o número de castelhanos e também o número de crueldades que a padeira lhes fez...
Nós preferimos a versão mais simples em que, mesmo assim, a Padeira de Aljubarrota faz parte da História de Portugal, nunca mais sendo esquecida.
Claro que a sua história não acaba na época da Batalha. Parece que quando fez 40 anos se casou com um lavrador rico que a admirava muito e chegou a ter filhos.
Sabias que a procissão de Aljubarrota sai sempre no dia 14 de Agosto? E a pá que simboliza a vitória da padeira esteve presente nos andores durante muito tempo!"
Site Junior

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