domingo, 25 de janeiro de 2015

Os Muçulmanos na Península Ibérica

     
No ano de 711, os Muçulmanos invadiram e conquistaram quase toda a Península Ibérica, pois tinham um poderoso exército.
No século VII, apareceu uma nova religião na Península da Arábia – o islamismo. Os Árabes converteram-se a essa nova religião pregada por Maomé. Ele pedia aos crentes – os muçulmanos – que espalhassem a sua mensagem a todos os outros povos. Para pregar a sua religião e para aproveitarem as riquezas de novas terras, os muçulmanos conquistaram muitos territórios.

Em 711, comandados por Tarik, os Muçulmanos atravessaram o estreito de Gibraltar e invadiram a Península Ibérica. Derrotam os cristãos visigodos na batalha de Guadalete. A conquista da Península foi rápida ( dois anos). Mas, no Norte , tornou-se mais difícil vencer os cristãos que se refugiaram nas montanhas das Astúrias ; também se tornou difícil defender e manter os territórios conquistados, pois os cristãos organizaram-se para o contra-ataque. A reconquista de terras aos muçulmanos (Reconquista Cristã) foi feita com avanços e recuos e demorou quase oito séculos, no Sul da Península Ibérica.

  CONVIVÊNCIA
ENTRE MUÇULMANOS E CRISTÃOS
Cristãos e Muçulmanos não estavam sempre em guerra. Houve períodos de paz em que mouros e cristãos conviveram e se respeitaram.
Contribuiu para essa convivência a tolerância religiosa e o respeito pelos costumes e tradições praticados tanto pelos Cristãos como pelos Muçulmanos.

HERANÇA MUÇULMANA

Os Muçulmanos estiveram cerca de 800 anos na Península Ibérica e por isso influenciaram muito a população local. Muitos dos habitantes da Península Ibérica chegaram mesmo a converter-se à religião islâmica, a falar o idioma (língua) árabe e a aceitar totalmente os seus costumes.
A influência muçulmana foi muito forte nas terras a sul do Tejo, por essa zona ter sido reconquistada mais tarde. Aí se formaram grandes e populosas cidades muçulmanas como Córdova, Granada, Lisboa, Mértola ou Silves. Os seus habitantes viviam em ruas tortas e estreitas, com escadinhas, casas muito juntas e quase sem aberturas para o exterior. Em Portugal, toda a zona do Algarve e Baixo Alentejo ainda hoje revela fortes marcas da influência muçulmana .
 As casas tinham terraços, pátios interiores e eram caiadas de branco. No Algarve podemos ver ainda hoje casas com características herdadas dos mouros: terraços (chamados açoteias) onde a chuva pouco intensa é conduzida para depósitos ou cisternas, paredes caiadas de branco que reflecte o sol e torna as casas mais frescas. As portas e janelas não são largas, pelo mesmo motivo. São casas adaptadas ao clima.
Os Muçulmanos desenvolveram algumas indústrias artesanais: armas e outros trabalhos de metal (em Toledo);carros e arreios ( em Córdova);tapetes (em Arraiolos)


Tapete de Arraiolos

Sendo um povo vindo do deserto, onde havia falta de água, os Árabes dominavam as técnicas de captar, elevar e distribuir a água e os povos da Península Ibérica aprenderam com eles essas técnicas. Assim, passaram a dispor mais facilmente de água para o consumo doméstico, para mover moinhos, regar terrenos de cultivo e jardins.

ENGENHOS E CONSTRUÇÕES LIGADAS À ÁGUA

Para a captar e elevar

Para a distribuir


Para a reter

Para a guardar



Como força motriz


A agricultura também beneficiou muito com a presença dos Muçulmanos. Com as novas técnicas de regadio puderam cultivar legumes e plantar árvores de fruto. Além de darem a conhecer processos de rega até aí desconhecidos – a nora, a picota, açude – também generalizaram o uso de moinhos de vento.
Cultivaram novas plantas  e árvores que ainda hoje vemos nos nossos campos: alface,cenoura,cana de açúcar, laranjeira, limoeiro, amendoeira, figueira, cerejeira, alfarrobeira, meloeiro e provavelmente arroz;  desenvolveram o cultivo da oliveira;  plantaram grandes pomares  no Algarve  .
Trouxeram para a Península novos conhecimentos de Medicina, Navegação,Astronomia e Matemática, muito evoluídos para a época. Das viagens ao Oriente trouxeram muitos conhecimentos, úteis quando os Portugueses no século XV, partiram para a descoberta de novas terras. Divulgaram a bússola e o astrolábio que se revelaram úteis na orientação pelos astros  . Até a caravela  tem influências árabes.
Além da Astronomia também desenvolveram a Geografia, traçando mapas e fazendo relatos das terras por onde viajavam. Também os algarismos que hoje utilizamos e que substituíram a numeração romana, foram trazidos para a Península Ibérica pelos Muçulmanos. Deram a conhecer o fabrico do papel e da pólvora. Há  na língua portuguesa cerca de 600 palavras de origem árabe. Algumas delas são fáceis de identificar porque começam por al. O nome de muitas terras portuguesas é de origem árabe, como por exemplo: Silves, Loulé, Tavira, Évora, Alvalade, Alcácer, etc...

Algarveazeitealambiquealgarismolimãoaçudealmotolia
azenhaalcatifaalguidaralmotoliaarsenalalcachofratapete
alfacealfamalaranjapicotaalmiranteabóboraalbarda
oxaláalmocrevealgodãogatoalcaideaçordanora

 A palavra Gibraltar deriva da expressão "djebel al-Tarik" (montanha de Tarik) .
 Oxalá  tem origem na expressão árabe "in shaa Allaah", cujo significado é “se Deus quiser”.

adaptado  

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